Alguns cães têm notadamente o instinto de caça mais aflorado. A Ivy é um belo exemplar da raça “Pastor de Valinhos” como Leo brinca (antes de vir para São Paulo eu morava em Valinhos – SP) com o instinto de caça à flor da pele.

A primeira experiência que tivemos foi no sítio da Liliane Morriello, onde praticávamos pastoreio com Al Capone e Belizza. A Ivy saía do carro já solta e adorava perambular pelo sítio. Só comecei a prendê-la na coleira quando um belo dia ela entrou no campo das ovelhas (pulando a cerca) e perseguiu uma delas. Bom, ela não estava necessariamente pastoreando…

Alguns meses depois lá estava a Ivy solta novamente andando no bosque do sítio conosco, e na volta a deixei solta. Estávamos conversando na frente do campo de pastoreio quando veio o caseiro gritando: – O CACHORRO BRANCO ENTROU NO GALINHEIRO!

Alguns minutos antes eu tinha me certificado de que não havia nenhuma brecha no alambrado e que a portinha estava bem fechada. Bem, ela entrou. Abriu um buraco e quando chegamos as galinhas que conseguiram fugir estavam no puleiro, paralisadas, o pato de estimação estava deitado, assim como três galinhas. Ela corria, andava e cercava os animais. Quando a peguei, ela estava com um olhar que jamais vou esquecer, um olhar vidrado, parecendo de boneca, de adrenalina total, de caça. O corpo dela tremia e ela nitidamente só respondia à estímulos, sem pensar. Foi uma coisa impressionante a postura corporal dela e o olhar. A boca totalmente aberta, os cantos bem franzidos, como que sorrindo nervosamente. Ela demorou alguns minutos para voltar ao normal, mas sempre de olho na direção do galinheiro. A única vez que ficou solta depois disso, meses depois, foi ao galinheiro correndo como um raio. É como se ela estivesse apenas esperando por essa oportunidade.

Em outra ocasião, estávamos no sítio de um amigo e já perguntei sobre galinhas. Ele me disse que elas estavam bem longe dali, perto da casa do caseiro. Em 15 minutos a Ivy me aparece perseguindo uma galinha apavorada, gritando. Não sei onde ela encontrou a galinha! Sei que conseguiu pegar e ali pude ver realmente que ela já estava aprimorando as técnicas de caça. Quando finalmente conseguimos pegar as duas, a galinha praticamente desmaiou. Eu pensei, ai meu deeeeeeuusss, outra morte (o pato de estimação da Liliane e as três galinhas dela morreram). Felizmente a galinha se recuperou, levantou e saiu correndo.

A outra situação foi em uma fazenda em Guaimbê – SP onde fomos para uma semana de cursos de Agility, Clicker e Pastoreio com o Dan Wroblewski, o Leo e a Liliane. Levamos todos os cães e novamente me certifiquei sobre as galinhas. Estávamos fazendo o passeio matinal com os cães soltos e de repente chamei a Ivy. Nada. Pronto, eu já sabia que alguma coisa estava acontecendo. Quando consegui achar ela, estava com o peru (também de estimação) do dono da fazenda, na boca. Foi uma cena ridícula, aquele tamanho de pescoço de peru todo torto na boca dela. Conseguimos salvar ele, para minha felicidade e do dono da fazenda.

Eu tinha uma mini coelho chamada Gucci, que infelizmente aprendeu a sair da gaiola e quase morreu por duas vezes. Quando cheguei ao quintal, a bichinha estava praticamente desmaiada. A Ivy não a furou, mas batia com a pata sucessivamente, dando pancadas. Depois foi a vez dos bebês agapórnis, que ‘voltaram para a natureza‘.

Eu percebi que nestes episódios, o tempo em que ela localiza a ‘presa’ e consegue alcançá-la diminuiu consideravelmente. Aqui em casa ela persegue pássaros que sobrevoam no quintal, esquilos que comem os coquinhos do coqueiro e gatos na rua. Ela cresceu com a Muriel, uma persa que chegou antes dela em casa. Mas a Muriel era uma persa, e se movimentava lentamente. Só que quando ela corria, a Ivy imediatamente começava a perseguí-la.

Ela é um cão que eu realmente não confio sem guia em um local que possa ter animais selvagens que são presas naturais. Ou gatos, mini coelhos e galinhas…

Ela viu um esquilo e hipnotizou…

Foto daqui

Cães selvagens caçando