Em minha vida alguns milagres já aconteceram, e hoje foi o dia de outro.

Cheguei em casa depois de uma aula, ainda de manhã e encontrei a porta da cozinha aberta, Ivy e Radha soltas dentro de casa, chorando para sair. Os cães sempre ficam no quintal ou nas caixas de transporte.

Quando abri vi diversos pedaços da embalagem dos Doguitos espalhados, que estavam em cima da mesa, e alguma bagunça em cima da cama. Coloquei elas para fora e fui até a cozinha. A gaiola dos bebês agapórnis estava aberta. E não tinha nenhum deles dentro. Procurei pela cozinha, pelos cantinhos, pela sala, nada. Achei apenas uma pena.

Logo lembrei de quando a Ivy tinha entrado no galinheiro e matado galinhas e patos no sítio da Lili, e de outra vez que estávamos na chácara de um amigo e ela pegou uma galinha também. Gelei e pensei no pior. Eles não estavam em lugar algum. Foi quando a Lóli e o Tutti começaram a gritar e chamar, andando de um lado pro outro na gaiola. Eu ouvi algumas respostas de longe mas estava tão nervosa que não achei que fossem eles.

Prestei mais atenção e vi que eram. Consegui visualizar 4, na árvore do vizinho, lá embaixo. Peguei a gaiola dos pais e coloquei no muro, e eles começaram a gritar denovo e os filhotes respondendo. Estava faltando um.

Eu sai para ligar para o Leo, e de repente eles começaram a voar de volta. Todos juntos, precisa ver que coisa mais linda. Eles aprenderam a voar no final da semana passada, e nem estavam praticando quase.

Eles voaram sobre a gaiola dos pais e depois um foi pousando após o outro. Com o potinho de comida fui trazendo um a um para dentro da gaiola deles, e outro consegui pegar com a mão. Um deles entrou sozinho e quando já tinha colocado os 4 dentro, ouvi o quinto, em cima da goiabeira aqui do quintal. Ele estava meio encorujadinho, mas alerta e com fome. Ele foi descendo devagarinho, bem devagar e eu mal podia me segurar, meu coração estava a mil.

Depois de alguns minutos consegui pegá-lo também. Eu não pude acreditar que tudo isso aconteceu em pouco tempo e que deu tudo certo dessa forma. Primeiro eles sobreviveram, depois, conseguiram fugir, e ainda ficaram juntos. Voltaram e me deixaram pegá-los. Agora estão lá na gaiola, querendo sair para dar outra voltinha, gritando e brincando na cabaninha. Uf…