Vou transcrever na íntegra o post Apport Forçado por Dogsenjoy.blogspot.com, retirado do Blog da Cláudia Estanislau.

Cláudia: Este artigo foi retirado na íntegra do blog Dogs Enjoy e foi escrito pelos nossos colegas espanhóis. É complementado por dois vídeos, peço que leiam primeiro o artigo antes de verem os vídeos, para entenderem o que estão a ver. Eu pouco ou nada tenho a acrescentar ao artigo e faço minhas as palavras dos nosso colegas na Dogs Enjoy. Mas vou deixar para complementar, um vídeo no final da sensacional treinadora Pere Saavedra a ensinar precisamente o mesmo exercício, mas com o método do clicker, para poderem comparar.

Muitos já ouviram falar (infelizmente…) do famoso apport (fazer com que um cão transporte algo na boca), assim como das técnicas de ensino através de evitamento, isto é o mesmo que dizer que o cão faz algo para evitar uma correção (choque, puxão, etc..) ou um castigo. Muitos de nós vivemos esta realidade (não queiram imaginar os ganidos de um cão quando lhe é provocado medo ou dor) e tivemos a sorte de evoluir e deixar para trás estas técnicas pré-históricas e desumanas…graças a Deus, que não têm nem a desculpa da “eficácia” uma vez que são muitos poucos, mas mesmo muitos poucos, os cães que suportam a “carga” física e psicológica que este tipo de treino acarreta.

Lamentavelmente estes vídeos que podem ver não são nenhuma obra cinematográfica de Tarantino (apesar de que poderiam ser) mas sim o reflexo do que continua a ser hoje em dia o treino com métodos “TRADICIONAIS” com as consequências muito conhecidas, ou seja, cães destroçados e danificados psicologicamente, com níveis de stress levados ao limite, problemas de agressividade, etc.,e também todo o deterioramento no relacionamento entre treinador e cão. Isto, para não falar das questões ÉTICAS que cada um de nós poderia fazer sobre esta forma de tratar os nossos “fiéis e amigos peludos”.

O treinador que usa estas técnicas, entra num espiral de frustração (descarregando as suas tensões no cão), chegando mesmo a ver no seu cão um “aluno desobediente” o qual há que castigar e corrigir continuamente…uma vez que se não faz as coisas é porque não quer obedecer (a mesma e velha forma de ensinar as crianças com reguadas essa felizmente há muito por nós ultrapassada). Aliás muito recentemente num fórum de treino canino alguém chamava isto de “treino formal”, diferenciando-se do treino positivo, o qual comparam frequentemente como um tipo de treino inútil que se usa para criar “cães de circo” (isto é literal). Enfim, a ignorância leva até a este tipo de comentários.

E com tudo isto, o que se vê nestes vídeos não é o mais terrível que se pode ver, infelizmente existe pior, mesmo que vos custe a crer. Não é agradável ver estas coisas, porém não se pode estar constantemente a virar a cara como se nada se passasse. Fixem-se na linguagem corporal do cão nos vídeos… incrível como ainda existem “especialistas” que não veêm absolutamente nada de mal, quando o que se pode ver no cão é mais do que evidente. Se por outro lado, nos focarmos nas questões “PARA QUÊ? QUAL É O OBJETIVO” a resposta é… GANHAR uma competição, medalha, ou seja… um troféu (que ironicamente só dele desfruta quem não recebe a dor, isto é o treinador) a aberração moral é máxima e apenas superada por um “egocentrismo desmesurado”, demonstrado naquilo que sempre ouviremos como “… mas ganhei o prémio, estou em primeiro lugar” e coisas semelhantes, enquanto que se algo corre mal a resposta já é “o cão falhou, desobedeceu, etc..” para nem falar de outras “lindezas” verbais que seguramente o pobre cão terá que ouvir.

Na vez do que deveria ser entendido como um “trabalho de equipe”, afinal trata-se de um “trabalho de escravidão” de onde apenas um leva os prêmios e honras e o outro os castigos sendo que o único prémio que recebe é se fizer “bem” não ser castigado. Provavelmente se perguntassemos aos indivíduos destes vídeos, acerca da legitimidade das suas técnicas, seguramente nos responderiam, como muitos, que eles mesmos sofrem mais do que os cães e que os amam profundamente… mas que não existe outro forma de ensinar, que tem que ser assim senão isto ou aquilo, que a obrigação do cão é fazer o que lhe mandam, que tem que “agradar o dono” e bla bla bla… tentando justificar o injustificável, tanto moral como didaticamente falando.

Há uns tempos atrás lemos onde um dos grandes “maestros” do treino em Espanha explicava na teoria como se deve realizar passo a passo o Apport Forçado… o que me soou mais insultuoso foi quando no final de tudo ele acaba a dizer “…isto tudo respeitando o cão”. Esperemos que não tarde em impor-se o bom senso do Homem uma vez mais, e estes “supostos métodos de ensino” passem onde deveriam já estar.. à História. Lembram-se dos “administrativos” que se negaram a vida toda a aprender a mexer num computador? O seu argumento era que isso da informática era uma “moda passageira”. Por sorte, a inteligência humana soube superar o atraso provocado pela ignorância. Neste caso, também é apenas uma questão de tempo.

Por favor, aprendamos com os nossos erros… não nos vamos agarrar a eles.

Minha colaboração para o post é o vídeo do Leo e da Meg, treinando o Junto: